"Enjoy the silence"-Capítulo único


Sinopse: De Anjinho para Garota Infernal.O que de tão grave pode ter acontecido e mudado a garota que ele amava daquele jeito ? Um Mês no interior da Inglaterra pode esclarecer tudo.Ou não. '' As Promessas que estavam ditas,estão sendo quebradas.Os Sentimentos são intensos.As Palavras insignificantes.''
Gênero: Comédia Romântica 
                                 Classificação:18 anos. - Cada um sabe o que lê -
                               Restrição: Fic narrada por Arthur.
                                Capítulo único











Lua Blanco rouba todos os flashes com vestido ousado no ‘Golden Globe’.
O Anjinho do Reino Unido mostrou toda sua beleza enquanto posava no tapete vermelho.
Lua Blanco, 20, roubou todos os flashes ao pisar no tapete vermelho do Globo de Ouro, neste domingo, em Los Angeles. Usando um vestido Guy Larocher azul que deixava suas costas totalmente expostas, a atriz mostrou todo o seu charme enquanto posava para os fotógrafos. Arrasou!

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Bêbada, Lua Blanco se irrita e sai xingando em prêmio.
Atriz deixou o irmão, Will Blanco, envergonhado.
Visivelmente bêbada, Lua Blanco, recém completados 20 anos, deixou o tapete vermelho do prêmio da revista "Vogue" xingando o ator irlandês Colin Farrell, apresentador do evento. A jovem atriz, usando um belíssimo e exclusivo Yves Saint Laurent, se irritou com uma brincadeira e deixou o irmão Will Blanco, da banda McFly, envergonhado.
Matéria na íntegra: página 36.

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Lua Blanco consegue brilhar em evento mesmo com Emma Watson por lá.
Atriz participou do London Film Festival, na noite desta segunda-feira, 17.
Não foi só Emma Watson que brilhou no London Film Festival (fotos na página 21), nesta segunda, 17, na capital britânica. Lua Blanco, que entregou o prêmio de atriz do ano para Cate Blanchett, também arrasou com um vestido Marchesa rendado. Segundo o site "Just Jared", Lua começa a filmar no mês que vem "Take Me Away", que tem Leonardo DiCaprio protagonizando e nomes como Shia LaBeouf e Rachel McAdams no elenco.

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Barraco: Lua Blanco ameaça dar soco em fotógrafo.
A discussão com um fotógrafo em Londres aconteceu nesta sexta-feira, 31.
A nova ‘garota problema’ da Inglaterra, Lua Blanco, se envolveu na sexta-feira em mais uma discussão com um fotógrafo em Londres, a quem ameaçou dar um soco, publica hoje o jornal "The Sun".

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Nova Rotina: Lua Blanco faz gesto obsceno para os paparazzi.
Atriz curte noitada em Londres.
A irmã de Will Blanco, da banda sensação McFly, Lua Blanco, se irritou com os paparazzi nesta terça-feira, 4, em Londres. Na saída de uma boate na cidade, a atriz na companhia do amigo, o também ator, Aaron Johnson, mostrou que não estava nada a fim dos flashes. Blanco fez um gesto obsceno para os fotógrafos. Parece que o “Anjinho do Reino Unido” cresceu.

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Lua Blanco nega namoro com Arthur Aguiar: ‘Ele é só um amigo, um colega’.
Recentemente, a atriz terminou o affair com o modelo Josh Beech, com quem ficou por 7 meses.
Parece que não foi desta vez que conseguiram arrumar um namorado para a atriz Lua Blanco.
Em entrevista à revista “People”, a própria fez questão de desmentir o namoro com Arthur Aguiar, companheiro de banda de seu irmão mais velho Will, dizendo que ele é apenas um amigo, um colega. "Normalmente não me importo com as mentiras que inventam sobre mim, mas essa história está começando a ficar fora de controle, o que me obrigou a fazer isso", disse Lua. “Ele [Arthur] é da mesma banda que o meu irmão, é normal sermos vistos juntos, não é? Mas eu não tenho nada com ele... Não faz meu tipo”, finalizou sorrindo.

***


Olhar todas aquelas manchetes em jornais e revistas me dava vontade de vomitar.
Nunca imaginei que as coisas seriam desse jeito.
Durante quatro anos ela foi meu sonho. Mas ela definitivamente se tornou o meu pior pesadelo. 
A garota mais doce e meiga que eu conheci na vida... Chegava a doer quando via no que ela tinha se transformado.
Eu assisti de camarote cada fase pela qual ela passou. A menininha tímida, que fazia milhares de campanhas publicitárias. A adolescente extrovertida diante das câmeras dos programas de televisão. E a mais recente, a quase adulta cínica, manipuladora e fria.
Em pensar que ela era a mesma garota que eu ensinei a jogar GTA, e que ficava gritando desesperada quando atropelava alguém no jogo de videogame. Na vida real, a carteira de motorista dela foi suspensa por dirigir bêbada.
Eu sentia náuseas, lembrando de tantos momentos juntos.
As piadas idiotas à noite no ônibus, durante a nossa primeira turnê. 
Milhares de fotos fazendo caretas ou só sorrindo pra câmera. 
As apostas malucas, com micos mais malucos ainda. 
As vezes que ela dormiu com a cabeça no meu ombro. 
Quando ela usava jeans e allstar, e achava lindo. 
De deixar o cabelo solto porque eu achava bonito. 
Nunca usava maquiagem quando não estava trabalhando. 
Quando ela me ligava pra contar sobre um novo projeto, ou só pra dizer que estava com saudade.
Me sentia até doente ao ver que a nova versão dela só ria quando estava bêbada. 
Só tirava fotos fazendo aquela típica cara de celebridade, sem sorriso algum. 
Ela só apostava no StripPoker, e deixava que tirassem fotos dela mostrando a calcinha. 
Ela dormia em hotéis chiques, com seus novos amigos famosos. 
Vivia de salto alto, e roupas de grife. Os cabelos sempre com aquele ar de ‘só eu tenho, pode tentar imitar, mas não vai conseguir’. 
Sempre maquiada, sempre. 
Ela não me ligava há mais de um ano. 
E nesse último telefonema, só deu pra perceber que ela estava em uma festa, e a voz dela saiu alterada quando disse ‘eu quero que você, meu irmão e essa porra de banda de vocês vão todos pro inferno’ antes de desligar na minha cara.
Quando eu parava pra pensar em todas as merdas que ela vinha fazendo da vida dela, eu só tinha uma pergunta: o que aconteceu com a garota que eu amava?


Words like violence
Break the silence
Come crashing in
Into my little world



- Lua, para de gritar! Chega! – Will e Lua estavam brigando pelo telefone há mais de quarenta minutos. Eu tinha até desistido de entender a conversa. – Eu não tenho culpa se você é uma irresponsável e que nossos pais não queiram te deixar sozinha por um mês. Não! Cala a boca! Escuta... Eu cansei dos seus ataques, ouviu bem? Você acha que eu tô gostando da ideia de ficar um mês com você e seus acessos de estrela? – Vi meu amigo fechar os olhos com força enquanto a irmã dele respondia. – Garota, uma vez na sua vida, dá pra parar de pensar só no que você quer? É aniversario deles, porra! – Ela realmente estava tirando o Blanco do sério, ele estava vermelho e andando de um lado pro outro. – Eu não sei... Nenhum dos meninos confimou, ou melhor, só o Arthur... O problema não é nosso se você não tem amigos... Lua, eu cansei disso! Esteja no aeroporto na hora marcada. Tchau.
- E aí, cara? – Eu perguntei assim que ele jogou o celular no sofá e sentou ao meu lado bufando de raiva.
- E aí que eu queria saber quem é esse monstro e o que ele fez com a minha irmãzinha. – Coitado do Will, só isso a dizer. Coitado. – Nossos pais praticamente pararam a vida deles por nossa causa... E agora, no aniversário de casamento deles, essa egoísta se recusa a colaborar.
- Will, você acha realmente uma boa ideia nós irmos também? As coisas já estão complicadas... Um mês é muito tempo. – Eu até queria ir, mas era um assunto de família, por mais que eu quisesse ver a Lua de perto depois de tantos meses.
- Realmente um mês é muito tempo... E eu tenho medo de matar a Lua se ficar lá sozinho com ela. – Ele respirou fundo e olhou o porta-retrato com uma foto dele e da irmã que eu tinha na minha sala, entre outras inúmeras fotografias. – Eu sei que é pedir demais, já que ela não é mais a Lua que a gente gostava... Mas ela só parou de gritar no telefone quando eu disse que você ia...
- Ela... Parou de gritar? – Ok, por essa eu não esperava.
- Parou, e depois perguntou se só você ia. Arthur, eu preciso que você vá. – O olhar que ele deu, parecia um cachorro abandonado. – Quem sabe ela ainda escute você... Quem sabe ela ainda sinta...
- Ela não sente nada. – Cortei antes que ele falasse alguma besteira. – Tudo bem, eu vou.
- Ah, cara! Valeu! – Ele me abraçou rindo e disse numa voz afetada. – Por isso que eu te amo.
- Deixa a Ane saber que você está a traindo assim. – Eu ri e tomei outro gole de cerveja.
- É nosso segredo! – Ele piscou fazendo graça e nós rimos mais ainda.

***


- Will Blanco, pode considerar a si mesmo como uma bicha morta. – Rosnei o mais baixo que consegui, quase esmagando o braço do meu amigo, tamanha a raiva que eu sentia – Eu te ajudo e você faz isso?
- Isso o quê? – ele se fez de besta. Apontei com a cabeça e ele sorriu – A Ane? O que tem ela?
- Seu filho da puta! – sussurrei irritado – Estamos no aeroporto, esperando sua irmã... E você não me conta que sua namorada também vai?
- Ah, você tá com ciúme – eu poderia esganar o Blanco naquele momento.
- Ciúme o caralho. Se a Ane vai, pra que você precisa de mim? Acho que ela consegue te impedir de matar a Lua...
- Eu sabia que vocês me amavam, mas nem tanto – ouvi a voz sarcástica dela vindo das minhas costas, na fila do check-in. Totalmente diferente e totalmente linda. Cara, eu quase comi a garota com os olhos! Calça preta muito justa, que me fez secar as pernas dela. Uma regata vermelha, belo decote! E salto alto, como sempre. E de Ray Ban, que ficava extremamente sexy nela – Aguiar, acho bom você disfarçar... Suas fãs não vão gostar de te ver me engolindo com os olhos – aquela voz irônica dela me irritava. Mas ela tinha razão, vários paparazzi estavam do lado de fora do aeroporto. Respirei fundo e tentei parecer indiferente.
- Adorável como sempre, Lua – sorri e fui ajudar Ane com as malas, deixando o Will com a mala dele, digo, com a irmã dele.



Arthur Aguiar, a pessoa mais sortuda do mundo, certo? Errado.
Eu tentei mudar de lugar, até ir de classe econômica. Mas nada deu certo. Por quê? Eu era um cara de muita sorte, por isso. E fui obrigado a ficar horas dentro daquele avião. Sentado ao lado da Lua.
Eu queria matar o Blanco.



Quarenta minutos depois que decolamos do aeroporto de Heathrow, e aquele alien, não, porque aquela coisa do meu lado não podia ser uma garota... Continuando, mais de quarenta minutos desde que deixamos Londres e ela não disse uma palavra. Ignorou as comissárias de bordo, colocou os fones do iPod, tirou os óculos (ela estava de maquiagem bem escura, diferente do que eu estava acostumado a vê-la usando, mas ficou bonita de todo jeito) e fechou os olhos. Acho que ela acabou dormindo já que... Ah, merda. Merda. Merda. E merda. 
- Lua – tentei falar normalmente, mas minha voz saiu num sussurro, ao tentar desencostar a cabeça dela do meu ombro. Não podia acreditar que ela havia dormido e estava caindo pra cima de mim. E eu agindo feito uma bicha, cara! E parando para olhá-la... Ela dormindo, até que lembrava a minha Lu. Desisti de acordá-la, no exato momento em que ela se aconchegou mais na poltrona, colocou uma das mãos na minha perna e deixou o nariz encostado no meu pescoço.



Só tínhamos mais meia hora de voo e, enfim, chegaríamos ao aeroporto de Carlisle, daí mais uma hora de carro até a fazenda da família do Will, em Penrith.
Eu estava morrendo de sono, e meu braço estava ficando dormente em volta do corpo magro da Lua, que ainda dormia. Eu já tinha olhado todas as músicas no iPod dela... Ela tinha Carry On My Wayward Son do Kansas! Fiquei impressionado de achar músicas desse tipo, e não músicas da moda, como da Lady Gaga e Katy Perry.
Senti a respiração da Lua começando a ficar mais pesada contra o meu pescoço e, merda, eu senti meu corpo arrepiar. Até os lábios dela encostarem na minha pele, eu não tinha percebido que ela tava acordada. Sem querer, muito sem querer, eu a puxei pra mais perto, ela riu baixinho e deu uma mordida bem perto da minha orelha.
- Será que o que dizem sobre banheiros de avião é verdade? – ela sussurrou enquanto subia a mão pela minha perna até chegar à minha virilha, me deixando sem reação. O quê?! – Vai me dizer que nunca pensou em transar em lugares diferentes? – senti meu corpo todo congelar.
- Eu não transo com estranhas – disse bem seco e a tirei de perto de mim.
- Nossa, desde quando eu sou estranha? – a vi fazer um biquinho, que se fosse em outros tempos, eu não conseguiria evitar morder.
- Desde o momento em que você parou de agir como uma pessoa normal – como ela conseguia não demonstrar emoção alguma? Ela parecia um robô, um lindo robô – Desde que você deixou de ser aLua que eu conhecia, que eu gostava, que eu...
- Que você tirou a virgindade – ela me cortou, sorrindo de um jeito, digamos, venenoso. Se ela não fosse uma garota, eu teria quebrado a cara dela naquele exato momento – Vai me dizer que esqueceu? Ah, você não esqueceu, certo, Arthur? Eu lembro como se fosse hoje... A sua cara de felicidade, de admiração... Se achando o melhor por ser o primeiro homem na vida da queridinha da Grã-Bretanha – ela falava baixo, se aproximando de mim de novo, com aquele olhar cínico.
- Eu não vou ter esse tipo de conversa com você dentro de um avião – levantei antes que ela falasse mais alguma idiotice, ou fizesse alguma. 
- Vai ao banheiro? – a ouvi perguntar, mas ignorei – Quem sabe eu não te encontre lá?

***


Finalmente. Depois de aterrissar no aeroporto de Carlisle, fomos para Penrith, no condado de Cúmbria. O avô do Will já tinha deixado tudo ajeitado para a nossa estadia na fazenda, enquanto o Sr. e a Sra. Blanco viajavam para comemorar 25 anos de casados. Um carro já nos esperava quando saímos do pequeno aeroporto. Enquanto eu ajudava o Will com as malas, Ane tirava fotos de tudo, e aLua... Bom, agindo como Lua: fingindo que ninguém existia. Ane já sabia como a cunhada era, então entrava no jogo, fingindo que a própria Lua não existia. 
No carro, Will foi à frente conversando com Jerome, o motorista da fazenda, relembrando coisas das férias passadas lá quando criança. Eu tive de sentar entre a namorada muitíssimo bem-humorada do Will, que me fazia rir dos comentários sobre as pessoas na rua e a múmia que atendia (na verdade não atendia coisa nenhuma) pelo nome de Lua.
Mais ou menos uma hora depois, chegamos ao lugar mais lindo que eu já vi na vida. Will disse que o nome do “bairro” era Watermillock, mas, cara, cabia um bairro todo dentro da propriedade dosBlanco! A casa, ou melhor, a mansão parecia ter saído de um filme: enorme, branca e todos os detalhes em azul escuro. O gramado era de dar inveja ao do palácio de Buckingham. Jerome ia dizendo onde ficava cada coisa: piscinas, estábulos, quadras, sauna... Cara! Como o Blanco nunca sequer tinha mencionado esse lugar pra gente? Belo amigo, hein?



- Will! Lua! Meu Deus, como vocês cresceram! – uma senhora de cabelos grisalhos e olhos verdes veio toda animada quando entramos no hall da casa.
- Claire! – Will correu para abraçar a simpática velhinha – Que saudade!
- Vocês ficaram famosos e se esqueceram de mim – ela fez charminho e nós rimos – Ane, eu sempre soube que vocês ficariam juntos – ela retribuiu o abraço da namorada do Will e parou sorrindo – Lu, minha querida.
- Oi, Claire – a voz dela saiu tão doce que eu pensei estar ouvindo coisas – Senti sua falta – Lua estava falando bem baixinho, como se tivesse vergonha de ser amável com alguém.
- Eu também senti falta da minha ajudante de cozinha preferida – a senhora, Claire, abraçou a Lu sorrindo – E você deve ser o famoso Arthur – ela veio na minha direção de braços abertos.
- Famoso? Eu? – sorri maroto, quando ela concordou. 
- Pode acreditar. Certa garotinha falava bastante de você... – Claire foi interrompida por Lua, que estava repentinamente vermelha.
- Quais quartos estão disponíveis? – ela disse rápido e meio sem fôlego.
- Er... O azul, verde, lilás e amarelo – ela estava falando de quartos ou de lápis de cor? – Já mandei levarem as malas do Will e da Ane pro verde, do Arthur pro azul e as suas para o lilás...
- Eu vou ficar no amarelo – mal ouvi a voz da Lua, e ela já tinha subido a escadaria, dois degraus de cada vez.
- Mas ela sempre ficou no lilás – a adorável velhinha ficou visivelmente assustada com a atitude da sua garotinha querida.
- Claire, eu preciso alertar que a Lua não é mais a mesma – Will a abraçou de lado e falou mais baixo – Aqui vocês não têm costume de ler revistas ou assistirem programas de fofocas... Mas a Lua não é a Lu que vinha pra cá antigamente. 
- Eu percebi as roupas diferentes e a maquiagem pesada... Mas ela pareceu ser a mesma menina doce e alegre de sempre – eu suspirei, coitada de Claire, se ela soubesse um terço das coisas que aLua estava aprontando...
- Bom, só não se assuste se ela fizer alguma coisa diferente, tá bem? E avise aos outros empregados para a tratarem como uma convidada e não como alguém ‘de casa’ – Will disse olhando para duas mulheres, pelas roupas deviam ser cozinheiras, que estavam esperando Claire na porta que me parecia levar até a sala de jantar.

***


O quarto que me deram era demais. As paredes tinham um tom diferente de azul, eu ouvi o Will dizer que a Lua chamava de ‘azul colar da Rose do Titanic’, e pior era que o quarto era realmente da cor do tal colar. A cama era incrível! A mobília era toda feita em mogno, e a decoração era amarelo clarinho. Mas nada disso se comparava à varanda. A vista que aquela varanda dava de toda a fazenda. A primeira coisa que fiz foi tirar uma foto daquela paisagem, tudo tão verde com pontinhos coloridos das flores; o céu estava azul claro, sem nuvens e o sol estava bem fraco. Do lado esquerdo dava pra ver a piscina e do direito uma espécie de plantação. Demais. Um lugar realmente irado.
***


Cara, eu queria morar num lugar assim! Estávamos na fazenda há cinco dias e fez sol todos os dias. Todos! Ficávamos na piscina sem fazer nada, só curtindo e comendo as coisas maravilhosas que a Claire mandava alguém trazer de tempo em tempo.
Eu consegui compor alguns trechos para novas músicas. Tentei andar a cavalo. Descobri que a plantação que via da janela do meu quarto, era plantação de ervas para chá. Bem inglês, certo?
O momento mais engraçado até aquele momento: uma das empregadas pegou Will e a Ane quase pelados dentro do estábulo, nunca vi alguém chorar tanto na minha vida que nem a pobre mulher chorou se desculpando. Não que isso seja engraçado, a graça foi ver a cara do casal depravado levando uma bronca da Claire. 
Tudo estava indo muito bem... A não ser... Lua. 
Ela quase não saía do quarto, só saía quando Claire insistia que ela precisava tomar um pouco de sol e ar fresco. Eu não ouvi a voz dela por exatos cinco dias.


Painful to me
Pierce right through me
Can’t you understand
Oh my little girl



Um fazendeiro conhecido da região morreu na nossa sexta noite na fazenda dos Blanco. Todos os empregados tinham ido ao velório, inclusive Claire, que obrigou Will e Ane a irem junto, porque o tal fazendeiro havia dado um cavalo para o Will quando ele era pequeno, então ele tinha que ir.
Consegui escapar por pouco. Disse que estava com dor de barriga, claro que o Will percebeu que era mentira, mas a Claire logo me encheu de paparicos e recomendações antes de sair. Suas últimas palavras antes de fechar a porta foi ‘dê uma olhada na Lu por mim’.
Então lá estava eu, parado na porta do quarto amarelo, decidindo se batia ou não. A casa estava silenciosa, a ponto de conseguir ouvir os passos que a Lua dava dentro do quarto e... Calma aí! Ela estava chorando? Eu poderia jurar ter ouvido um soluço e um suspiro.
- Lua? – bati na porta bem de leve, nenhuma resposta – Posso entrar?
- Entra – a voz dela estava meio rouca; quando entrei, meus joelhos ficaram momentaneamente fracos. Ela estava sentada na sacada com uma perna de cada lado dos balaustres. Ela tentava me dar o típico olhar cínico, mas eu vi que seus olhos estavam vermelhos e a maquiagem um pouco borrada – Relaxa, Aguiar, eu não vou me matar... Por mais que todo mundo implore por isso...
- Eu sei, você adora fazer o oposto ao que as pessoas querem – minha voz saiu fria, ela me irritava com aquela mania de se fazer de vítima – E ninguém quer te ver morta...
- O que você quer aqui? – educada como sempre, ela me cortou virando de costas, colocando as duas pernas pra fora da sacada.
- Todos foram pro velório do tal Senhor Gilbert, só estamos nós dois em casa – me aproximei, parando ao lado dela e apoiei os cotovelos na sacada – Daí eu pensei em...
- Vir aqui ver se eu queria me divertir com você? – ela me olhou de lado, tentando dar seu sorriso venenoso, mas falhou. Parecia uma menininha triste que mentia sobre como tinha conseguido um machucado no joelho.
- Você só pensa em sexo? – soltei sem pensar. Ela riu.
- E não é o que todo mundo pensa? Não é o que você pensa quando me vê?
- Eu desisto de você – revirei os olhos e desencostei da sacada, quando ia embora, ouvi a Lua murmurar:
- Você nunca tentou.
- Eu nunca tentei? Eu?! – virei sentindo uma raiva repentina me atingir.
- Tá doido? Do que você tá falando?
- Eu ouvi você dizer que eu nunca tentei. Como você se atreve a dizer uma coisa dessas? – cheguei bem perto dela, que tinha virado um pouco pra me olhar – Foi você quem pirou, virou esse material de Paparazzi, uma garota cínica...
- Você tá guardando isso dentro de si há quanto tempo? – ela disse do nada, calma e sorrindo – Diz logo tudo de uma vez, a Lua malvada vai ficar quietinha enquanto você desabafa, tá? – ela falou fazendo bico. Sarcástica dos infernos!
- Você é ridícula, Lua, sabia disso? – eu disse alto, como ela conseguia me fazer perder a linha tão fácil? – Ou melhor, você se tornou ridícula.
- O quê? Queria que eu fosse a Lua fofa que morria de amores por você pelo resto da vida? – mais uma vez, se ela fosse um cara, eu batia nela. Ah, eu batia sem dó alguma.
- Eu queria que você fosse você mesma. E não um personagem – eu não me lembrava de ter chegado tão perto dela – Isso é a vida real e não um dos seus filmes. Ah, esqueci! Ninguém te contrata porque você passou a ser uma bêbada incontrolável!
- Ui, olha só o gatinho mostrando as garras – olhando bem de perto, os olhos dela ameaçavam derramar mais algumas lágrimas; totalmente em contraste com a expressão que ela forçava, de ironia. Ela riu quando eu a segurei pelos ombros e a sacudi – Não conhecia esse seu lado agressivo... Se me lembro bem, você tinha até medo de me machucar se fizesse algum movimento mais profun...
- Cala a boca! – ok, ela me fez perder o resto da paciência que eu tinha - Chega! Lua, essa sua pose de que não liga pra nada não me engana mais. Eu te ouvi chorando... Eu posso não ter estado com você nos últimos tempos, mas eu consigo ver nos seus olhos o quão triste e sozinha você está! – o sorriso dela se desfez antes de cerrar os olhos, colocando as pernas para o lado de dentro da varanda, eu ainda a segurava, com medo de que aquela maluca resolvesse se jogar dali.
- E se for verdade? O que você tem com isso? – quando ela finalmente sentou direito, ficando de frente pra mim, eu soltei seus braços. Por estar sentada na sacada, ela ficou da minha altura, e eu finalmente olhei no fundo dos olhos dela e vi... – Ah, você acha que eu ainda gosto de você? Ah, que bonitinho! Isso é realmente fofo, até pra você, Arthur.
- E eu tô começando a duvidar que um dia você chegou a gostar e... – nem pude tomar ar pra terminar a frase. Lua simplesmente me puxou pela camisa, me fazendo ficar entre as pernas dela. Eu não esperava por isso, então não tive reação alguma!
- O que foi? Não tem mais nada a dizer? – ela sussurrou com a voz trêmula; me senti uma bicha dando pela primeira vez. As mãos da Lu estavam geladas, me causando arrepios quando as colocou na minha nuca; não pensei antes de colocar as minhas em torno da cintura dela, fazendo nossos corpos se tocarem pra valer. Lua sorriu de lado ao encostar sua testa na minha, respirando de um jeito mais profundo, me deixando meio zonzo – Você sentiu falta disso, não sentiu? – ela murmurou ao fechar os olhos. Eu só respirei fundo, passando meu nariz pelo da Lu, concordando. Ah, eu senti falta mesmo, porra!
Se a Lua sequer sonhasse em como minhas pernas tremeram quando ela pressionou seus lábios contra os meus, ela morreria de rir de mim, certeza. Encostei a ponta da língua na boca dela, que riu baixinho ao virar o rosto. Deu alguns beijinhos na minha bochecha, voltando para a boca; roçou os lábios nos meus, quando inclinei a cabeça pra beijá-la, Lu se afastou de novo. Caralho, ela estava brincando comigo e o idiota estava caindo.
- Confessa que nunca me esqueceu – ela sussurrou e mordeu logo abaixo da minha orelha. Apesar de estar meio que entorpecido pelo momento, quando entendi o que ela tinha dito, meu sangue congelou e então voltou a correr rápido, de raiva.
- Esqueci... Mas pelo jeito você não me esqueceu – disse baixo, e senti quando o corpo da Lu enrijeceu. Há! Eu também sabia ser malvado, bonitinha. Segurei firme em sua cintura e a coloquei de pé, no chão; ela me olhou confusa – Eu não sou um brinquedinho, Lua. Vê se cresce.

***


Legal. Meia-noite. E ninguém havia voltado. Já tinha visto três filmes, comido pipoca, uns salgadinhos, tomado mais de oito latas de cerveja. A doida, digo, a Lua passou pela sala em algum momento da noite, depois a vi voltar com uma garrafa. Tomara que seja veneno. Garota maluca.


- Aguiar? Aguiar?! Que merda! Aguiar, seu inútil. Aguiar, acorda!
- Com toda a sua delicadeza, é claro que eu acordo – abri os olhos ao ouvir os berros da Lua. Por que estava tudo escuro? – Por que você apagou a luz?
- Pra te molestar enquanto você dormia – ela disse impaciente, estava completamente escuro, mas eu sabia que a voz dela vinha da minha frente, provavelmente estava sentada na mesinha de centro – Deixa de ser idiota, garoto. Escuta só o temporal que tá caindo. Acabou a energia. Eu tentei ligar o gerador, mas não consegui.
- Eu ligo, onde fica? – levantei do sofá, tentando me localizar no breu total.
- Lá fora, perto do celeiro – a voz da Lua estava bem perto agora, estiquei o braço e toquei algo molhado – É, você vai ter que ir lá na chuva.
- Tudo bem, eu vou – subi a mão por seu braço, constatando que ela estava totalmente encharcada – Pode subir, eu já vou ligar o gerador e vai logo tomar um banho quente, você tá pingando.
- Obrigada pela preocupação, Arthur – a voz dela saiu sem emoção alguma – Mas eu preciso te mostrar onde fica o gerador, já estou molhada mesmo, não faz diferença. Vamos.
- Não sabe onde tem um guarda-chuva? – me ouvi dizendo pro nada, andando devagar, ouvindo os passos da Lua um pouco mais a frente.
- Acha que se eu soubesse estaria molhada assim? – me assustei quando ela pegou minha mão e colocou em seus cabelos, mostrando o quão molhados estavam. O que me assustou na verdade, foi ela ter acertado onde minha mão estava. No escuro! Apertei os cabelos dela, sentindo a água escorrer entre meus dedos; ela estava de frente pra mim, a respiração entrecortada, provavelmente de frio – Anda logo, aqui tá tão quentinho que eu estou pensando em desistir de ir lá fora de novo.
- Quando você fica com frio, seus lábios ficam arroxeados – disse sem pensar, me arrependendo rapidamente; Lua deu uma risada anasalada, mas não disse nada, só me puxou pela porta da cozinha. 
O cenário fora da casa era um dos mais incríveis de todos os tempos: o céu estava completamente negro, somente quando os inúmeros relâmpagos cruzavam o espaço era possível ver os tons de roxo e azul escuro das nuvens carregadas. Ali do lado de fora, consegui ver o estado de Lua: a calça do pijama verde quase caindo por estar ensopada, uma regata preta, galochas coloridas e a franja colada na testa; ela me olhou de um jeito estranho, como se estivesse com vergonha da minha análise. 
- Vem, Aguiar, o gerador fica atrás do celeiro – mal entendi o que ela tinha dito, e já vi Lua correndo pelo terreno lamacento que tinha virado o gramado em frente à cozinha. Tomei fôlego e corri atrás dela; a chuva estava fria, mas era agradável. Não conseguia ver mais que poucos metros diante de mim, quando ouvi Lu gritar, assim que ela entrou no meu campo de visão, fui obrigado a parar de correr para dar uma imensa gargalhada.
- Para de rir, seu imbecil! – ela gritou irritada, sentada no chão, cheia de lama. Quando vi o tamanho da poça em que ela tinha caído, ri mais ainda – Eu já mandei você parar, Aguiar!
- Primeiro: você não manda em nada – não parei de rir, para irritá-la – E segundo: é impossível não rir! Só você pra cair num buraco minúsculo assim!
- Eu escorreguei, ok? – Lua levantou, toda nervosinha e saiu pisando fundo pela chuva – Você não costumava ser assim.
- Assim? Assim como? – fui atrás dela.
- Irritante e insensível! 
- Eu só aprendi dançar conforme a música – sorri irônico ao chegar onde o gerador estava, ele ficava debaixo de uma pequena cobertura e tinha cara de muito velho – Como se liga isso?
- Tem que girar essa alavanca – ela se abraçava, numa tentativa ridícula de se aquecer – Esse negócio é da época em que meu avô não usava dentadura, só pode ser!
- Você só é fraca, Anjinho – usei o apelido que ela odiava e tentei fazer a geringonça funcionar. Nada. Não mexeu nem um centímetro.
- Quem é fraco agora, querido? – fiz mais força na segunda tentativa, enquanto Lua me olhava encostada na mureta de cimento que protegia o gerador.
- Está emperrado – eu já estava ficando com dor nos braços e nada daquela porcaria funcionar, até que... A alavanca girou descontroladamente, me jogando no chão. O barulho que aquele negócio fazia era ensurdecedor. Eu só pude ver a crise de risos que aquela praga teve – Ah, dá um tempo! – nem eu mesmo pude ouvir minha voz, tentei gritar – Não foi engraçado! – ela nem me olhou, continuava rindo sem parar. Ela ficava linda rindo daquele jeito. Irritado, me aproximei dela e entrelacei com força meus dedos nos cabelos molhados dela e finalmente ela me olhou um pouco assustada – Eu disse que não tem nada de engraçado nisso, Blanco – não falei muito alto perto de seu ouvido, mas tenho certeza de que ela ouviu, já que parou de rir no mesmo instante e virou a cabeça para me olhar melhor. Levantei a sobrancelhas sem entender o motivo daquela cara de espanto.
Ela respirou mais fundo e eu entendi... Nossos corpos estavam unidos e completamente molhados, eu a tinha deixado presa entre o meu corpo e o abrigo de cimento onde o gerador era guardado. Com todo aquele barulho, a única coisa que poderíamos fazer era nos comunicar por olhares. E o olhar dela dizia claramente: me beija. Mas eu não cederia tão fácil... Ela gostava de brincar, certo?
Pressionei mais ainda meu corpo contra o dela e segurei firme em seus quadris, vi quando ela abriu a boca e respirou fundo. Um gemido, tão rápido? Bom trabalho, Aguiar. Mesmo que estivéssemos fora da chuva, nossos corpos ainda pingavam. Sorri de lado quando senti as mãos dela, trêmulas, devo dizer, puxarem meu rosto pra perto do dela, quando estava prestes a encostar nossos lábios, eu me afastei. Ela estava a ponto de reclamar ou sair andando, não sei, não deu tempo suficiente pra saber; a puxei de volta pra mim, com força, beijando seu pescoço de um jeito um tanto desesperado.Lua inclinou a cabeça pra trás, dando livre acesso aos meus beijos e pegou minhas mãos as levando novamente a parte inferior de seu corpo, entendi o recado e segurei seus quadris, a levantei até deixá-la sentada no abrigo de cimento do gerador comigo entre suas pernas; ver aquele sorriso malicioso nela era... estranho. Estranho e excitante.
Comecei a dar mordidas no pescoço da Lu, enquanto ela puxava meus cabelos e me envolvia com suas pernas. Dei mais alguns chupões, eu realmente queria deixá-la marcada, então comecei a subir meus lábios, primeiro por seu queixo, por sua bochecha, puxei o lóbulo de sua orelha com os dentes; as mãos dela estavam em minha nuca, pressionando mais minha boca contra sua pele; quando afastei meu rosto, após roçar meus lábios nos dela, Lua abriu os olhos rapidamente, questionando meu ato... Eu sorri de um jeito, digamos, maligno. E me afastei, balançando a cabeça em negação. Andei pela chuva de volta à casa, sem olhar uma vez sequer para trás.
Ela me queria? Que aprendesse a me tratar como um homem, não como um objeto qualquer.


All I ever wanted
All I ever needed
Is here - in my arms
Words are very unnecessary
They - can only do harm



Acordei assustado. 4:15 AM. A chuva havia parado, isso eu podia ouvir. Sentei na cama e esperei até escutar o barulho que tinha me acordado. Nada. Fui até a janela e me deparei com o céu ainda escuro, algumas estrelas e sem nuvem alguma. Fiquei alguns minutos olhando os campos de ervas, até pensei em tirar uma foto, mas o barulho de algo batendo na água me fez olhar para a esquerda. 
Lua estava boiando na piscina, os braços e pernas relaxados, parecendo uma boneca de pano. Era impossível parar de olhá-la, tão linda, tão calma... Tão parecida com a minha Lu.
A casa estava completamente mergulhada no silêncio quando passei pela sala de estar. Abri a enorme porta de vidro que dava para o quintal; cheguei à piscina e ela continuava lá, flutuando de olhos fechados. Agora pude vê-la com mais detalhes, desde o leque que seus cabelos formavam debaixo d’água até sua calcinha branca e o sutiã rosa claro. Só percebi que estava parado no mesmo lugar, quando ela abriu os olhos e se mexeu rapidamente, assustada por me ver ali.
- Você é retardado? – era engraçado o jeito que ela tentava tampar seus seios com os braços – Quase me matou de susto.
- Achou que fosse um pedófilo? – sorri me aproximando da beira da piscina, onde sentei.
- Achei que fosse um tarado e estava certa – ela disse ironicamente e nadou para o lado oposto ao que eu estava – O que veio fazer aqui, afinal?
- Te vi pela janela e achei que estivesse morta – eu finalmente estava aprendendo a jogar com as palavras, o novo jogo preferido dela – Queria eu estar certo.
- Entre aqui e faça você mesmo o serviço – o que ela falava não ia de acordo com o que fazia: puxava para perto suas roupas que estavam no chão, pronta para sair da água. De repente ela riu e virou para me olhar – Parabéns, Arthur, expressando sentimentos ruins. Gostei de ver que você não é mais o sentimentalista de antigamente.
- As coisas mudam, Lua – coloquei os pés na água morna – Você mudou e isso fez com que os meus sentimentos por você mudassem.
- O que você sentia por mim? - mal as palavras saíram de sua boca, ela já havia mergulhado, cruzando a piscina em poucos segundos e submergiu perto de onde eu estava.
- Eu te amava – respondi sem pensar e não me arrependi. Era passado, não era? Ela fez uma cara de admiração e sorriu ao se aproximar mais, se apoiando em meus joelhos. O corpo estava todo dentro d'água e eu sabia que era proposital, ela estava me distraindo para evitar que eu a olhasse seminua. O que não fazia sentido algum.
- Ok... Você me amava – ela disse pausadamente enquanto se encaixava entre minhas pernas, ensopando minha boxer xadrez – E hoje? O que você sente por mim?
- Nada – respondi sem sorrir, olhando nos olhos dela. Lua me olhou desconfiada e se apoiou na beira da piscina, até seu rosto estar na mesma altura que o meu.
Nada? – ela perguntou baixinho, molhando toda a camiseta branca que eu usava.
- Talvez um pouco de... – eu caí em sua armadilha e baixei os olhos, sua boca tão perto da minha. Então tudo ficou fora de foco. A única coisa que eu via com clareza era ela, como antigamente – Não... Eu te desejo.
Deseja? – ela continuou falando daquele jeito sexy. Ela estava ajoelhada entre minhas pernas, sem me tocar, somente me olhando... Esperando o primeiro passo, como sempre.
- Desejo... E muito – disse num sopro perto dos lábios dela, eu estava desistindo de tentar jogar o jogo dela. Eu a queria, não do jeito que queria antes... Meu corpo queria Lua. Meu coração estava fechado a ela. Há muito tempo.
- Não é o que parece – ao dizer isso, Lua deu um dos seus repentinos, irritantes sorrisos, como se o ligasse e desligasse instantaneamente. Num movimento rápido, eu a segurei antes que voltasse para a água.
- Você provoca e quando consegue, me tira do sério... Acha mesmo que eu vou te deixar sair assim? – ela estava praticamente sentada em meu colo e estávamos a ponto de cair dentro da piscina.
- Sua imaginação é fértil demais, Aguiar – Lu parecia nervosa, sem saber o que fazer com suas mãos e evitando me olhar nos olhos – Eu não te provoco, só faço perguntas... A imagem que essas perguntas causam na sua cabeça, é problema seu.
- Você não fica curiosa? Sobre as imagens que passam pela minha cabeça? – eu nem me reconhecia, nunca imaginei falar com Lua daquele jeito tão... Malicioso? 
- Eu já vi essas imagens – tirou minhas mãos de sua cintura, pronta para fugir de novo – E não achei nada interessante. – ela não esperava que quando se jogasse de costas na água, eu a puxasse contra mim e caísse junto dela. Ainda submersos, eu a abracei pela cintura e Lu passou seus braços pelo meu pescoço.
- Eu duvido que se lembre daquelas noites e não as ache interessantes – disse baixo assim que voltamos à superfície; eu tinha uma mão em sua cintura e a outra em sua coxa, mantendo-nos colados um ao outro.
- Arthur... – ela disse num sussurro, as duas mãos em meu pescoço e olhando nossos corpos distorcidos pela água – Já passamos dos limites...
- Que limites? – senti um arrepio ao dizer isso e percebi que nós realmente não estávamos mais jogando, as brincadeiras tinham ficado pra trás. Naquele momento ela quase voltara a ser a Lua de antes, aquele jeito de me olhar e o modo que ela mexia nos cabelos em minha nuca.
- Limites que eu estabeleci... Você é só um brinquedinho, lembra? – acho que ela pensou que falando aquilo eu ficaria bravo e a deixaria ir. Ledo engano.
Então aprenda a brincar direito – sussurrei algo sem sentido contra a boca dela antes de colar nossos lábios; passei a ponta da língua e ela aceitou o toque, abrindo a boca e me abraçando com força. As sensações que tive ao beijá-la depois de tanto tempo longe foram indescritíveis, ou melhor, posso apenas dizer que eu senti aquele beijo por todo o corpo, especialmente em uma parte.
A água morna não ajudava em nada a minha tentativa de ficar comportado. Depois de alguns minutos beijando a Lu, eu já não tinha noção de onde estávamos eu só queria senti-la cada vez mais perto... Cada vez mais minha.
Quando nossas respirações se tornaram altas e descompassadas, comecei a beijar o pescoço da Lu, enquanto ela passava as pernas ao redor da minha cintura, coloquei as duas mãos em sua bunda e pressionei seu corpo contra o meu.
- Arthur... – ela suspirou alto. Ela suspirou alto o meu apelido? Sorri contra seu pescoço. É, eu estava de volta ao controle. 
Suas mãos foram até a barra da minha camiseta, que estava completamente transparente, e a puxou para cima, levantei os braços e agradeci mentalmente por estarmos na piscina, isso deixava tudo mais fácil. Ela olhou meu peito e braços durante alguns segundos e ficou levemente corada quando viu o sorriso irônico que eu tinha nos lábios.
- Que é? – a voz dela era baixa e um pouco falha – Eu não sabia que você tinha ficado... Gostoso assim. – era engraçado ver a antiga timidez dela vindo à tona e atrapalhar sua pose de descolada.
- Digo o mesmo – sorri de lado e comecei a andar lentamente até a beira da piscina, onde fiz com que as costas de Lua ficassem encostadas – Você ficou muito gostosa, pra falar a verdade. – encarei seus seios parcialmente submersos, cobertos pelo sutiã de renda rosa e não pensei duas vezes antes de envolver um deles com a mão, Lu arfou e mordeu o lábio inferior; meu desejo só multiplicou ao ouvi-la gemer baixinho quando massageei seus dois seios com as mãos, alternando meu olhar entre o que eu fazia e o rosto de Lua, que tinha uma expressão de puro prazer. Vê-la daquele jeito foi demais pra mim. Inclinei a cabeça para alcançar com a boca o que até então estava em minhas mãos, Lu gemeu um pouco mais alto e pressionou sua pélvis contra a minha.
- Arthur… - a voz dela saiu entrecortada enquanto eu dava pequenas mordidas em seu seio esquerdo e massageava o direito. Eu conseguia sentir o coração dela batendo descontrolado, quase tão frenético quanto o meu. Subi meus lábios pela pele molhada dela, mordi o lóbulo de sua orelha e sussurrei:
- Diz... Com todas as letras... – fiz força contra seu corpo, espremido entre o meu próprio e a parede, e ela gemeu, dessa vez de dor – Diz que quer isso... Que me quer... – ela fincou as unhas nas minhas costas e eu não contive uma careta. Doeu, porra!
- S-sonha – ela disse baixinho e mordeu meu pescoço – Você quer... Não eu.
- Não estou te obrigando a ficar aqui e ceder aos meus caprichos – me afastei dela, tirando suas pernas de minha cintura – Pode ir embora quando quiser.
- Você não sabe mentir, nunca soube – Lu sorriu e se aproximou lentamente, colocou os polegares no elástico da minha boxer e ameaçou tirá-la – Lembra quando dormimos juntos pela primeira vez? Você não conseguia olhar o Will no dia seguinte, culpado por ter deflorado a irmãzinha do seu amigo... Ele soube antes do que deveria pelo simples fato de Arthur Aguiar não saber mentir.
- Cala a boca – disse pausadamente e segurei seus dois pulsos – Você é uma covarde, quer tanto quanto eu e não admite... – nem tomei fôlego para continuar meu discurso. Aquela garota era maluca! Ela simplesmente soltou seus pulsos e me puxou pelo pescoço, deixando nossos rostos bem próximos, mas não me beijou.
- Mas que inferno, Aguiar! – ela disse baixo, as duas mãos em minha nuca e a respiração ofegante. Minhas mãos estavam em suas costas, a caminho do feixe de seu sutiã, esquecendo completamente do nosso desentendimento segundos antes – Acha mesmo que eu ficaria aqui... Assim... Se eu não quis... – as palavras da Lu foram interrompidas pelo barulho de pneus freiando na terra. Ela me olhou assustada e disse baixo – Ah, merda, eles voltaram! – se afastou de mim num flash e saiu da piscina, recolheu suas roupas antes mesmo que eu chegasse perto da beira, me olhou de um jeito estranho antes de dizer. – Boa noite, Arthur – e então saiu correndo silenciosamente.

***


- Ah, gente, larga o Aguiar aí! – ouvi a voz da Lua assim que terminei de descer as escadas da mansão. O dia amanhecera muito quente. Antes do almoço, eu já me sentia cansado. A noite anterior tinha sido uma tortura, depois de ser largado naquele estado na piscina e ter de subir correndo até meu quarto só pra chegar lá e perceber que estava mais excitado do que tinha percebido. Levei algumas horas para conseguir dormir, mesmo depois do banho gelado. Parecia que eu mal tinha fechado os olhos e o Will já estava batendo na minha porta, dizendo que o senhor Hansen, administrador da fazendo dos Blanco, iria nos levar aos campos de plantação. Vesti uma bermuda jeans, um tênis qualquer e uma camiseta azul, sem vontade alguma de ir, coloquei óculos escuros e fui me encontrar com o pessoal na entrada principal da casa.
- Fugindo de mim, Blanco? – sorri de lado com a careta que Lua fez ao me ver – As pessoas vão começar a desconfiar que você nutre sentimentos por mim.
- Cala essa boca e entra no carro – ela tentava esconder um sorrisinho ao falar. Fiz o que ela disse logo depois de dar um soquinho no braço do Will e um beijo na testa da Ane, e sentei ao lado deLua, que usava um short jeans minúsculo, regata branca com uma camisa xadrez vermelha por cima e botas pretas que iam quase até seus joelhos e, claro, os óculos escuros. O carro seguia rápido pela estrada de terra, criando uma nuvem de poeira inclusive dentro dele, fazendo Ane rir das caretas de Lua durante uma crise de espirros.



- Do outro lado da cerca ficam os campos de erva doce – o velho senhor Hansen explicava para um interessado Will e uma Ane que não parava de tirar fotos, enquanto Lu e eu íamos mais atrás, andando devagar pelo imenso campo verde, nossas mãos se roçando por estarmos lado a lado – Essas que vocês estão vendo são Camellia Sinensis, que são conhecidas como Chá.
Me desliguei do que a voz rouca do senhor falava, quando senti a mão da Lu segurar a minha e entrelaçar nossos dedos. Olhei para ela sem entender. Lua era doida, eu sabia, mas quando ela me puxou e começou a correr entre as folhas que batiam na altura da minha cintura, eu comprovei que ela realmente não era normal. Nos afastamos rapidamente do grupo sem fazer barulho. Quando descemos um pequeno morro, Lu começou a rir e parou de correr, respirando descompassadamente.
- Meu Deus! O senhor Hansen fica mais chato com o tempo! – ela prendeu o cabelo num coque mal feito, levantou os óculos escuros e começou a se abanar com as mãos – Nossa, que calor dos infernos! Que é, Aguiar? Tá me olhando com esse sorriso bobo na cara por quê?
- Já percebeu como está tagarela? – sorri mais ainda, quando ela ficou sem graça e recolocou os óculos, tirando minha visão de suas bochechas rosadas não só pelo intenso sol. – Até me lembra a antiga Lu.
O Anjinho do Reino Unido? – ela fez careta e eu ri.
- Também... Mas principalmente a... Minha Lu – ela deu dois passos para trás ao ouvir o que tinha dito, eu me xinguei mentalmente. Não devia ter falado nada.
- A sua Lu não existe mais, Arthur – ela disse sem emoção, virada para a plantação que aparentemente não tinha fim. Estávamos isolados no meio daquelas fileiras de mar verde.
- Por que não? – me aproximei, guardei meus óculos no bolso da bermuda e segurei o queixo da Lua, retirando também os seus óculos – Para de fugir, de se esconder nessa pose de estrela, de se refugiar nessa máscara que você criou, Lu...
- Você... – ela me interrompeu e sorriu. Era o seu sorriso triste, o que eu não via desde nosso último encontro antes dela pirar.
- Eu o quê?
- Você me fez mudar... A imagem que você fazia de mim... O jeito que falava de mim para as pessoas... – ela parecia não querer dizer aquelas coisas, como se doesse pensar naquilo – E depois, quando eu te vi... Eu não aguentava... Não podia suportar...
- Do que você está falando? – o que eu podia ter feito pra ser culpado pela mudança dela? Justo eu?
- É… Nada, não é nada – ela se afastou de mim, virando de costas e começou a caminhar na direção em que tínhamos vindo – Esquece isso, Arthur.
- Eu não vou esquecer... Como assim eu te fiz mudar? – fui andando atrás dela, que apertou o passo, mas eu a segurei pelo braço e a virei de frente para mim – Ei, olha pra mim enquanto eu falo!
- Uh, o gatinho Aguiar ataca novamente? – ela disse de um jeito completamente cínico, sabendo que me irritaria profundamente.
- Não! Não, Lua, nem vem! Pode tirar esse sorriso do rosto! Não funciona mais comigo! – fiquei puto quando ela sorriu inclinando a cabeça para o lado, como se achasse minha raiva algo meigo – O que você quis dizer com “você me fez mudar”?
- Eu não quis dizer nada, Aguiar, nada! – ela tentou se soltar e pegar os óculos que eu segurava, mas eu não me movi, esperando uma explicação. – Ah, que merda! Me solta!
- Não vou soltar. Não até você me explicar essa historia direitinho!
- Vamos ficar aqui, no meio do mato até eu falar?
- Vamos!
- Que seja, o sol está ótimo, vou pegar um bronzeado – Lua sorriu e fechou os olhos, como que apreciando o calor em sua pele.
- Você é tão patética! – apertei com mais força seu braço e a puxei para mais perto; passei um braço por sua cintura e entrelacei a outra mão em seus cabelos, ela deixou as suas em punho contra meu peito, me olhando sem expressão – Você é infantil, medrosa e bipolar! – disse baixo, meus lábios tocando os dela, sem quebrar o contato visual. Lu ficou na ponta dos pés e me deu um selinho, se afastou sorrindo de um jeito... Fofo. Um jeito que eu não a via sorrir há tempos. Sorri também e encostei minha testa na dela, nossas respirações estavam aceleradas pela corrida e pela situação como um todo. Lu levou as mãos até minha nuca e a arranhou sem dó, soltei o ar pesadamente pelo nariz, mas não gemi. 
- A gente não vai se pegar aqui no meio do mato, na terra! – ela riu se afastando de mim e recomeçando a andar pelo estreito de terra vermelha entre as arvorezinhas de chá.
- Ah, Lu! – reclamei e fiz careta, rindo ao segui-la pelo caminho – Volta aqui.
- Não, Arthur! Nós dois sabemos onde vamos parar... E não quero que seja na terra! Que nojo! – isso não havia mudado, sempre fresca.
- Então você quer que aconteça... Só não aqui? – a abracei por trás e continuamos andando assim por alguns metros até eu começar a beijar o pescoço dela, que se arrepiou e começou a rir – Responde o que eu perguntei.
- O que você perguntou? – ela colocou suas mãos por cima das minhas, que estavam espalmadas em sua barriga, encostou a cabeça no meu ombro deixando seu pescoço livre para receber meus beijos.
- Se quer que aconteça... – repeti com a boca colada em sua pele, dei uma leve mordida fazendo Lu apertar minhas mãos contra si.
- Aconteça? O quê? – a voz dela estava fraca quando paramos de andar.
- Você sabe o quê – subi a mão direita até o seio esquerdo dela, sentindo seu coração bater forte e sua respiração mais uma vez estava descompassada.
Podia ser o calor, o sol, o fato de que para qualquer lado que olhasse não visse nada além de plantas, mas não. Eu estava agindo daquele jeito porque era ela... Era a Lua que estava ali. Isso mudava tudo. Todas as regras desapareciam.
Não esperei uma resposta dessa vez. Apalpei o seio com força e prensei mais seu corpo contra o meu, fazendo Lu suspirar. Ela ficou de frente e me puxou pela nuca, grudando nossos lábios sem pensar duas vezes. Quando nossas línguas se encontraram, foi como se não houvesse nada além da Lua no mundo. Segurei seus cabelos intensificando o beijo e mantive a outra mão na base de sua coluna. Ela colocou os dedos indicadores nos passantes do cinto da minha bermuda, deixando nossos corpos completamente unidos durante o beijo que ganhava mais velocidade a cada segundo, nos deixando sem fôlego mais rápido do que o previsto. Desci minha mão até sua coxa e a puxei até minha cintura, enquanto beijava seu pescoço; Lu se empolgou ao passar os braços pelo meu pescoço e nos fez perder o equilíbrio... Cai de bunda no chão, com ela desajeitadamente em cima de mim.
- Para de rir, sua desastrada! – mesmo a repreendendo eu gargalhava junto; coloquei-a em meu colo, as pernas ao redor da minha cintura, deixando-a de frente pra mim. O tombo não havia sido de todo mal. Aquela posição me agradava. E muito.
- Ah, Arthur! Eu avisei sobre a terra e... – falar pra quê, Lua? Quando o que estávamos fazendo era tão melhor? Puxei-a pela nuca e dei alguns selinhos demorados em sua boca; nenhum de nós ousou fechar os olhos. Ela me encarava um pouco séria, até que em um dos selinhos, Lu mordeu meu lábio com força me fazendo ofegar. – Não reclama, fofinho, só vou te fazer pagar por me trazer pro meio do mato. – dei o meu melhor sorriso cafajeste ao ouvir o que ela disse e aos poucos fui tirando a camisa xadrez que ela usava, a deixando somente com a regata branca, que mostrava um pouco seu sutiã.
A partir dali, não dissemos uma palavra sequer.
Suspiros e gemidos eram ouvidos o tempo todo... 
Quando Lu puxou a barra da minha camiseta e eu a ajudei a jogá-la longe. Quando eu tirei sua regata e beijei, segurei e mordi seus seios ainda escondidos pelo sutiã preto muito sexy que ela usava. 
Quando ela começou a se mover lentamente sobre mim, como se estivéssemos realmente no ato, me deixando em um estado quase entorpecido de tanto êxtase.
Não sei como ninguém ouviu o alto gemido que escapou do fundo da minha garganta quando ela, inesperadamente (ok, não tão inesperadamente assim), abriu o zíper da minha bermuda e colocou a mão lá dentro. Lua sorriu. Não o seu novo sorriso cínico, nem o pervertido. Ela simplesmente sorriu e me deu um selinho no exato momento em que sua mão encontrou o que tinha dentro da minha boxer. 
Era surreal. Lu ali, sentada no meu colo, seminua e me levando ao delírio com os movimentos lentos que fazia com a mão. Tortura, era isso. Ela estava me fazendo pagar por tê-la levado para o meio do mato.
Espalmei minhas mãos em sua bunda, puxando a Lu pra mais perto ainda, ao mesmo tempo em que mordia seu lóbulo; sem perceber nós dois nos movíamos de acordo com a velocidade que ela envolvia meu amiguinho, que de “inho” não tinha nada. 
Estávamos suando debaixo do sol forte, mesmo com as sombras que a plantação projetava no chão, o calor era quase insuportável. Quase. 
Tenho certeza que deixei a Lu marcada, tamanha era a força que apertava suas coxas e bunda. Afinal, foi o meio que eu encontrei de retribuir o que ela fazia comigo. Ela mordia o lábio inferior, numa expressão entre prazer e concentração. Linda, ela estava mais linda que o normal.
Consegui me segurar por mais alguns minutos, arfando e gemendo baixo devido aos movimentos rápidos que ela fazia, e então cobri sua mão com a minha, fazendo Lu me olhar com uma sobrancelha arqueada.
– Não aguento mais – sussurrei falhamente e ela deu um sorrisinho, me deixando guiá-la; me esforcei para não fazer muita bagunça e Lua riu disso. Depois se afastou de mim, começando a juntar nossas roupas enquanto eu me recompunha.



- Acho que eles estão aqui! – ouvimos Ane gritar segundos depois de terminarmos de vestir as roupas. Lua arrumou o cabelo num rabo de cavalo bem alto e colocou os óculos. Eu tentava tirar um pouco de terra que ainda estava grudada na bermuda quando a namorada do Will chegou em passos rápidos até onde estávamos. – Graças a Deus, estão vestidos... Tive que correr e gritar feito doida pra vocês me escutarem antes do Will encontrá-los – as bochechas dela estavam coradas e ela parecia sem fôlego – E pelo visto eu estava certa sobre o desaparecimento dos dois... – ela sorriu de um jeito acusador e eu gargalhei.
- Valeu, Ane, você salvou meu p... Minha vida! – corrigi a frase na hora certa e até Lua riu.
- Obrigada, cunhadinha – ela disse, caminhando na direção da voz do irmão e do senhor Hansen. A acompanhei com os olhos, impressionado com o fato de quem a olhasse, jamais imaginaria o que ela fazia poucos minutos antes.
- Por isso ela é assim – a voz de Ane me despertou do transe que era olhar Lu andar. Fiz cara de desentendido e ela sorriu – A Lua só age desse jeito por sua causa... Pra chamar sua atenção. E quando consegue, te deixa aí... Babando.

***


O resto da tarde passou tranquilamente... Fiquei um pouco na piscina, enquanto Will e Ane saíram para cavalgar (sim, eu fiz algumas piadas sobre isso, mente poluída). Fiquei sozinho na piscina; assim que voltamos para casa, ela entrou em seu quarto e não saiu mais.
***


Os dias passaram sem maiores eventos... Will e Ane saiam sempre para passear.
Lua e eu? Bem... Ela estava diferente. A cada dia eu percebia uma mudança. Pode parecer muita prepotência, mas ela parecia, aos poucos, voltar a ser a Lua de antes quando estava perto de mim.


Vows are spoken
To be broken
Feelings are intense
Words are trivial
Pleasures remain
So does the pain
Words are meaningless
And unforgettable



Estava derrotando o Will no Wii na sala de jogos, os dois gritando feito crianças, quando vi Lua encostada no batente da porta, nos observando. Ela, na verdade, olhava o Will se desdobrar pra dar uma tacada… Quando percebeu que eu a olhava, ela sorriu de lado e saiu andando devagar pelo longo corredor. Inventei uma desculpa qualquer para o Will, que não ligou nem um pouco já que esse seria o momento perfeito pra ele trapacear no jogo, e fui atrás da Lu. A encontrei na sala de TV, diante da imensa estante de DVD’s e de costas para a porta; ela estava nas pontas dos pés na tentativa de alcançar o filme escolhido, eu ri do esforço inútil que ela fazia.
- Quer ajuda? – perguntei quando ela bufou ainda sem me olhar.
- Não. Eu consigo sozinha – apoiou uma das mãos na prateleira e se esticou toda... Mesmo assim não conseguiu.
- Deixa, eu pego – entrei na sala e parei ao lado dela – Qual você quer?
- Eu consigo pegar sozinha – Lu era mesmo uma resmungona! – Não quero que o incrível Arthur Super Herói Estrela do Rock Aguiar ajude a pobre e indefesa Lua Anjinho do Reino Unido Blanco.
- Qual o seu problema? – a pergunta certa seria: como ela conseguia me tirar do sério tão rápido? – Sempre falando desse jeito? Detestando o apelido carinhoso que seus fãs te deram?
- Carinhoso? Isso sempre foi uma forma de jogar na minha cara como eu era vista: nada mais que uma criancinha famosa. Que ninguém nunca me veria com outros olhos... – enquanto falava, Lu estudava a estante e quando eu menos esperei, aquela maluca tentou escalar o móvel de madeira.
- Lu! Tá doida?! – segurei sua cintura a coloquei de volta no chão, ela virou e me deu um empurrão.
- Sai, Aguiar! – outro empurrão - Eu não pedi sua ajuda – mais um empurrão – Eu disse que conseguia sozinha! – ela apontou o dedo e disse – E eu não deixei você me tocar – tentou me empurrar com as duas mãos ao terminar o chilique, mas eu a segurei pelos pulsos.
- Ei, chega! Cansei dessas suas revoltas e dessa mania de falar em código! – disse sério, sem soltá-la – Vamos conversar direito, de uma vez por todas e resolver todas essas porcarias que você guarda pra si mesma!
- Eu não tenho nada pra falar – ela disse calmamente – Eu não quero conversar com você!
- Então o que você quer, afinal de contas? – a forcei a me olhar nos olhos e então soltei seus pulsos.
- Eu quero assistir Ao Entardecer, é isso que eu quero – aquele sorrisinho irônico apareceu no rosto dela e eu tive que respirar fundo pra não reagir a ele. Olhei a estante e achei o filme que ela queria, peguei sem dificuldade alguma e o coloquei na mão da Lu.
- Toma essa merda, garota irritante – disse baixo sem olhá-la, já na porta da sala. A ala da mansão onde estávamos era praticamente deserta, os únicos barulhos ouvidos vinham do fim do longo corredor onde Will ainda jogava Wii e meus pés descalços contra o mármore frio do chão. Estava irritado comigo mesmo, por mais uma vez deixar Lua me provocar e sair ilesa, sem responder nenhuma das minhas perguntas. Faltando poucos passos para abrir a porta da sala de jogos, ouvi a voz dela me chamar bem baixinho. E lá estava ela, com um vestido azul marinho (que algo me dizia ser de alguma grife famosa) e descalça, parada na outra ponta do corredor, parecendo tão pequena e frágil. 
- Que é, Lua? – disse sem emoção alguma, enquanto ela se aproximava lentamente.
- Eu não odeio o apelido – ela parecia tímida, como se fizesse uma confissão – Eu só queria que as pessoas... – ela parou diante de mim e deu um longo suspiro – Eu queria que você parasse de me ver como um Anjinho.
- Lua... – passei a mão pelos cabelos... Porra! Ela tava dizendo que mudou por minha causa?!
- Em todas as entrevistas que te perguntavam algo sobre mim... Você respondia “ela é um amor de menina, eu a conheço de verdade e posso dizer que ela é um verdadeiro anjo” – Lu fez uma ótima imitação do meu jeito de falar e rolou os olhos – Percebe como é contrastante? O que você queria que eu pensasse? Você me dava um beijo na testa antes de sair, falava essas coisas em entrevista e quando voltava... Você me beijava pra valer, Arthur.
- Lu... Eu nunca vi as coisas dessa maneira – era verdade, por mais que ela me olhasse daquele jeito duvidoso – Sério! Eu... Sempre disse a verdade, você era mesmo um anjo, um amor... – mordi a língua pra não dizer “meu amor” – E o seu contrato com a WB não deixava que você assumisse um namoro naquela época e...
- Arthur... – ela deu um passo para trás quando eu quis tocar seu rosto – Eu não podia ter um namorado para a mídia, mas também não precisava ver o cara que eu gostava dizer nas entrelinhas que eu era uma criança e esquecer do fato quando ele transou comigo, sabendo que era minha primeira vez.
- Lua, as coisas não são bem assim... Eu não fiz por mal. Me desculpa, sério... – o jeito que ela narrava os fatos me deixava como o vilão da história, mas eu não sabia que ela se sentia assim, se eu soubesse...
- Não quero suas desculpas, isso tudo é passado... Não me afeta mais – fingir indiferença? Justo naquele momento? Lua não percebia que não me enganava mais. Ela deu mais alguns passos para trás, pronta pra fugir de mim.
- Não tão rápido – andei até ela e a fiz encostar-se na parede, ficando entre meus braços que estavam apoiados um de cada lado de seu corpo – Você precisa parar com essa mania de jogar essas bombas em mim e depois sair correndo.
- Eu não... – abaixei meu rosto para olhá-la bem nos olhos.
- Fica quieta – coloquei um dedo em seus lábios, fazendo-a ficar calada pelo menos por um minuto – Você deveria ter me dito tudo isso há muito tempo. Eu nunca adivinharia, sabe? Poderíamos ter evitado tanta coisa. Nós poderíamos estar...
- Juntos? – ela terminou a frase por mim, nossos rostos estavam muito próximos um do outro e eu sentia a respiração da Lu bater no meu queixo – Não, Arthur, não estaríamos... 
- Como você pode ter certeza? – inclinei a cabeça, deixando minha boca tocar a dela enquanto falava.
- Você teria me traído ou terminado comigo pouco tempo depois que a imprensa soubesse do nosso namoro – Lu parecia triste, mas não se afastou de mim um milímetro sequer.
- Não teria – ok, eu parecia um garotinho mimado ao negar o que ela disse.
- Teria sim... Ficar perto de mim já era horrível naquela época, a imprensa não dava uma folga – senti suas mãos em minha cintura quando ela ficou nas pontas dos pés e passou seu nariz pelo meu – Ser meu namorado, então? Seria o fim. Você não aguentaria todos aqueles fotógrafos se matando pra conseguir uma foto nossa de mãos dadas, outra abraçados e principalmente, uma preciosa foto onde o casal do momento se beija.
- Por você eu teria suportado – que tudo se danasse, não ligava se estava fazendo papel de idiota pra ela e por ela de novo.
- Eu sabia que você diria isso... – Lu sorriu sem mostrar os dentes e apoiou o rosto no meu peito, respirando fundo contra meu pescoço e abraçando minha cintura – Que droga, Arthur!
- Que foi? – a apertei contra mim, um braço em volta do corpo dela e a outra mão fazendo carinho em seus cabelos.
- Por que você sempre torna as coisas mais difíceis pra mim? – ela disse bem baixinho.
- O que eu fiz de errado? – agora eu tornava as coisas difíceis? Pra ela? 
- Você é bonzinho demais... Pessoas normais me odiariam depois de tudo que eu fiz e falei... Mas não, Arthur Aguiar sempre vai contra a maré e surpreende a todos, inclusive a idiota da Lua Blanco – confesso que demorei a entender o que ela estava falando. 
- Lu? – esperei até que ela levantasse a cabeça e me olhasse – Para de tentar ser alguém que você não é. Eu conheço você.



É, e depois dessa minha frase de efeito, ela me olhou por algum tempo e então saiu andando sem dizer nada. Bela tentativa, Aguiar.
***


Lago. Lua de biquíni. Calor. Lua de biquíni. Sábado. Lua de biquíni. Sol. Biquíni da Lua. Lua de biquíni. 


Faltando apenas uma semana para irmos embora, o tempo pirou. É sério. Nunca imaginei sentir tanto calor na Inglaterra! Então o Will teve a genial ideia de irmos ao lago que ficava no fim da estrada, perto da famosa Macdonald Leeming House.
O dia estava tão quente que nem mesmo o ar condicionado da casa estava resolvendo o problema, por isso, quando Will deu a ideia, todos nós, inclusive a Lua, concordamos sem esperar ele terminar a frase.
Falando no diabo... Ela só pode estar mesmo querendo me deixar doido! Aquele biquíni era... Tentador demais! Quando ela desceu as escadas da mansão só com um vestido sem alças (que mais parecia uma blusa, de tão curto) e chinelos… Minha mente criou fantasias que envolviam Lua, eu e o local mais próximo onde pudéssemos terminar o que começamos na plantação. 
E quando chegamos ao lago, todos os caras da região tiveram os mesmos pensamentos que eu, isso era óbvio. E aquilo estava me matando! Não poder obrigá-la a colocar o vestido, ou abraçá-la pra deixar claro que ela era minha, ou ter um argumento bom o suficiente que a fizesse ir embora daquele lugar comigo. Mas não. Eu simplesmente fiquei sentado na areia, torrando naquele sol... Babando pela garota de biquíni preto que estava na água. Como qualquer cara naquele momento.



- Nossa, Aguiar, você vai explodir – a voz dela me fez abrir os olhos e enfrentar toda aquela claridade. Lu estava de pé ao meu lado, pingando água por todo o meu peito. A olhei sem entender e ela riu – Eu quis dizer que você está muito vermelho!
- Ah – foi o máximo que conseguir dizer. Porra! Ela tava ali, só de biquíni!
- Que foi? – isso, Arthur, até ela percebeu seu olhar pervertido.
- Nada – me forcei a tirar os olhos das pernas dela, levantei e percebi que ela me encarava. - Que foi? – minha vez de perguntar e vê-la virar o rosto.
- Só constatando o que aquelas garotas estavam reparando – Lu indicou com a cabeça algumas meninas na beira da água, que me encaravam sem vergonha alguma.
- Ciúmes? – sorri malicioso e Lu revirou os olhos.
- Nos seus sonhos, Aguiar – ela jogou um beijinho no ar e quando começou a andar de volta para o lago, o grupinho de meninas se aproximava dando risinhos, Lu parou ainda de costas, respirou fundo antes de se virar para mim – Você não vai entrar na água, Arthur?
- Por quê? – tentei conter a gargalhada que se formava dentro de mim. Ela estava com ciúmes! Lua estava com ciúme daquelas garotas!
- Porque... Daqui a pouco vamos embora e você nem chegou perto do lago – ela mexia na lateral da calcinha nervosamente, aumentando minha vontade de rir. Ela estava agindo feito a antiga Lua, tão fofa quando sentia ciúmes!
- Me dê um bom motivo para ir pra lá com você – eu sorri, me aproximando ao levantar a mão para tirar alguns fios de cabelo que secavam rápido demais e caiam sobre olhos dela.
- Eu não disse que você tinha que ir comigo, eu disse que você deveria aproveitar antes que o dia acabe – Lu tinha os olhos cerrados, devido ao sol forte, por mais gay que isso possa soar, a deixando mais linda.
- Ok, Lua, você venceu – eu fingi exaustão ao abraçá-la com força, a tirando do chão – Vamos pra água!
- Eu não quero ir pra... – ela resmungou sem se afastar de mim, mas parou de falar quando a peguei no colo e corri até o lago. Lu tentava não rir enquanto batia em meus ombros ao entramos na água morna. Mergulhei com ela ainda no meu colo e quando voltamos à superfície, Lua jogou água no meu rosto e falou cinicamente – Você definitivamente tem uma fantasia sexual que envolve água e LuaBlanco, certo?
- Você definitivamente tem uma fantasia sexual que envolve qualquer lugar e Arthur Aguiar, certo? – retruquei sorrindo e ela rolou os olhos se afastando de mim.
Ficamos por quase uma hora na parte funda do lago, me dando total liberdade para provocar a Lu com brincadeiras idiotas, tentando fazê-la rir. Percebia alguns olhares na nossa direção, mas nada que me deixasse sem graça, porém ela parecia se incomodar, já que no meio de uma piada engraçadíssima que eu estava contando, Lua olhou séria para as pessoas que nos olhavam e simplesmente me abraçou. Sem dizer nada, sem aviso prévio... Ela só chegou perto e passou os braços pelo meu pescoço e continuou olhando as montanhas, como se aquele abraço não significasse nada. Ficamos assim durante vários minutos, sem falar nada, sem nos olhar... Mas eu sabia que aquilo significava sim alguma coisa.



- Você acabou de falar que eles eram caipiras e agora quer ficar no meio deles? – não entendia o motivo do Will se surpreender com as coisas que a irmã dele fazia. Depois de ficarmos horas no lago, ninguém estava com ânimo pra voltar andando, então decidimos passar a noite na Macdonald Leeming House, lugar onde alguns caipiras riquinhos, segundo a Lua, estavam dando uma festa. Assim que chegamos, algumas garotas vieram falar comigo e com o Will, mas os empregados do hotel logo trataram de distraí-las, mandando dois bartenders trazerem drinks coloridos para elas. Vários caras olhavam Lu, admirados com o fato do Anjinho do Reino Unido ter virado aquela garota tão gostosa; mas só um deles teve coragem de se aproximar e oferecer um shot de tequila pra ela, que sorriu de lado e virou o copo. Quando Ane disse que estava cansada e iria dormir, Will levantou na mesma hora no imenso sofá no salão de festas e disse que também iria... Foi aí que a Lua disse que ficaria com o pessoal da festa.
- Cuida da sua vida, Will – ela sorriu e foi pra perto do cara que tinha lhe dado a tequila. Will bufou e olhou de Ane para mim.
- Pode ir, cara, eu cuido dela – falei quando percebi que mesmo negando, ele se preocupava com a doida da irmã dele. Will agradeceu e seguiu a namorada escada acima, rumo à melhor suíte do pequeno hotel. Eu queria aquela suíte. Mas como meu amigo tinha companhia e eu não, cedi à vez.



Observei Lua beber vários drinks coloridos, conversar com vários caras, dançar várias músicas. Me provocando. Na verdade, era engraçado o jeito que ela virava o copo me olhando de lado. O jeito que ela conversava com o moleque de cabelo preto e levantava a sobrancelha quando me via olhando a cena. O jeito que ela dançava com o cara da tequila olhando pra mim.


A garota bonitinha, Becky, falava sem parar ao meu lado e eu sorria como se estivesse prestando atenção a cada palavra dela. Quando, na verdade, eu olhava Lua dançar sobre uma mesa ameaçando tirar o vestido florido que já era bem curto. Ela não estava bêbada, mas estava se fazendo, pra chamar atenção. Mimada. Não aguentou me ver aceitar a cerveja que Becky veio timidamente me oferecer. Estava se exibindo para no mínimo quinze bêbados doidos pra vê-la pelada e fazer coisas com ela pelada! Quando Lu levantou o vestido quase mostrando a calcinha do biquíni preto que estava por baixo, eu tive que pedir licença a Becky e ir até a mesa onde ela dançava lentamente, como se realmente fosse fazer um strip-tease.
- Desce daí – falei normalmente, já que a música não estava tão alta. Lu fingiu que não ouviu e puxou mais uma vez o vestido, fazendo os idiotas assoviarem quando viram a lateral da calcinha dela. Respirei fundo e sorri de um jeito forçado – Lua. Desce. Agora.
- Que isso, cara? Deixa o Anjinho se divertir – um dos bêbados disse sem tirar os olhos da engraçadinha que ria da minha cara.
- É isso mesmo, Arthur, deixe o Anjinho se divertir – ela se abaixou, passando uma mão pelos meus cabelos e beijando o canto da minha boca – Longe de você. Vou me divertir bem longe de você hoje. Tenho novos brinquedinhos – Lua riu e o cara da tequila gritou em confirmação.
- Que seja. – tirei a mão dela da minha cabeça e voltei para o sofá, onde Becky me esperava. Ela sorriu ao me ver e perguntou se podia tirar uma foto comigo, respondi que sim e sentei ao lado dela, passando um braço por seus ombros e fiz uma careta para a câmera. Becky riu ao ver a foto, mas não saiu de perto e não deixou que eu tirasse meu braço de seus ombros. Vi Lua me fuzilar com os olhos, me fazendo sorrir e trazer Becky para mais perto; Lu desceu da mesa e foi para o meio da pista de dança, fazendo a alegria do restante dos bêbados da festa; ela dançava de um jeito provocante, sabendo que todos a olhavam, até que o cara da tequila a abraçou por trás e começou a beijar seu pescoço. Meu primeiro impulso foi levantar e ir até lá tirá-lo de perto dela, mas quando olhei melhor, vi Lua com uma das mãos na nuca dele e de olhos fechados. Filha da mãe!
- O que foi? Estou te importunando? – Becky me olhou com receio e se afastou um pouco. Merda. Lua estava ferrando minha vida mais uma vez.
- De forma alguma – dei meu melhor sorriso e a garota pareceu derreter de emoção. Afastei alguns fios de cabelo de seu rosto e ela corou. Uma garota que fica tímida e não tem vergonha de demonstrar... Conviver com a Lua me fazia esquecer que existiam meninas normais, como a Becky, no mundo. Ouvi mais alguns gritos e vi o momento exato em que Lua desviou o olhar da minha direção e aceitou o beijo do cara da tequila. Certo. Ela estava brincando outra vez. Mas ela esquecia que eu tinha aprendido a jogar...
- Já disse que você é linda? – perguntei baixo no ouvido de Becky e ela se arrepiou. Sorri de lado antes de beijá-la na boca. 
- Arrumem um quarto! – alguém gritou, mas não soube dizer se era pra mim e Becky ou para Lua e o Cara da Tequila. Beijei Becky durante alguns minutos, mas sem realmente me concentrar nela, no beijo. Não que fosse ruim... Só não parecia certo. Usar a menina pra afetar Lua. Me afastei depois de dar alguns selinhos nos lábios dela, que sorria sem parar, então olhei para onde Lua estava com o cara da tequila… Mas nem sinal deles. 



Um dos caras bêbados tinha sentado ao nosso lado e contava em detalhes a uma garota como o Anjinho do Reino Unido tinha deixado George (esse devia ser o nome do cara da tequila) colocar a mão dentro de seu vestido. No meio da pista de dança! Becky começou a dizer alguma coisa numa expressão alegre, mas a interrompi antes mesmo da segunda palavra sair de sua boca.
- Me desculpe. Como eu já disse você é linda e adorei ter te beijado, mas eu realmente preciso ir – dei mais um selinho em seus lábios e saí do salão sem olhar para trás. Lua tinha saído com aquele cara. Não queria nem imaginar onde ou o quê estavam fazendo. Aquela garota era ridícula! Mimada, infantil e sem limites! Não sei como ela e Will podem ter sidos criados pelos mesmos pais.


All I ever wanted
All I ever needed
Is here - in my arms
Words are very unnecessary
They - can only do harm



Fiquei na varanda que rodeava todo o hotel por mais de meia hora, olhando o céu estrelado, ouvindo alguns grilos cantando, a fraca batida da música que vinha do salão de festas... Tudo uma grande chatice! Até que escutei barulho de saltos e virei bem a tempo de ver Lua passar pelo balcão onde eu estava.
- Mas já? O cara da tequila broxou? – falei alto sem me mexer. Segundos depois ela apareceu na porta da varanda. Com uma expressão surpresa no rosto.
- Na verdade, ele foi ótimo! – ela se recompôs bem rápido e sorriu sem se aproximar - E você? A vadiazinha não te satisfez?
- Já ouviu falar em rapidinha? – rebati e ela rolou os olhos. Passei por ela, caminhando pelo corredor até meu quarto e antes de fechar a porta, acrescentei – E preciso dizer: uma das melhoresrapidinhas da história – bati a porta e fiquei esperando ouvir os passos dela, mas ao invés disso, ouvi três batidas na porta. Abri e encontrei Lua parecendo decidir se estava mais furiosa ou incrédula.
Uma das melhores rapidinhas da história? – ela sibilou ao me dar um empurrão no ombro – Pois fique sabendo que eu tive um orgasmo! Isso mesmo, Aguiar! O... O cara da tequila me fez ter um orgasmo!
- O nome dele é George! – corrigi sem perceber, sem saber se eu estava furioso ou incrédulo.
- Que seja! – Lua sorriu vitoriosa e virou as costas. Mas não deixei que ela desse dois passos. Puxei-a pelo braço para dentro do quarto e tranquei a porta – Aguiar? Mas que porr... – prensei-a contra a parede e colei nossos lábios. Em menos de dez segundos Lu já tinha colocado as duas mãos em minha cintura e aberto a boca, deixando nossas línguas se encontrarem. Segurei seu rosto com uma das mãos e a lateral de seu quadril com a outra. Me forcei mais contra ela e Lua respirou fundo antes de colocar as mãos dentro da minha camiseta. As mãos dela estavam frias e minha pele quente e, quando Lu as passou da base das minhas costas até meus ombros, me causou uma série de arrepios. Mordi seu lábio inferior e olhei para minha mão que estava em sua coxa, por baixo do vestido, sorri de um jeito pervertido ao puxar aquele pedaço de pano para cima e logo jogá-lo no chão. O biquíni preto parecia gritar por atenção naquele quarto iluminado somente pela luz que entrava pela janela.Lu não perdeu tempo e tratou de jogar minha camiseta tão longe quanto eu tinha jogado seu vestido. Então, com uma das mãos em minha nuca, começou a beijar meu maxilar, descendo até meu pescoço com algumas mordidas e chupões, enquanto a outra mão tratava de fincar as unhas em minhas costas, deixando claro que ela queria me deixar bem marcado.
Eu mesmo abri a bermuda que começava a me irritar e senti o pano cair por minhas pernas. Dei alguns beijos curtos nos lábios entreabertos de Lu, uma das mãos a segurando firme pelos cabelos e a outra apertando sua bunda, fazendo Lua suspirar. Mordi seu pescoço, então beijei seu ombro, depois desamarrei seu biquíni e vislumbrei seus seios completamente enrijecidos subindo e descendo com a respiração descompassada da garota linda que me olhava em expectativa, dei mais um selinho na boca de Lu no mesmo momento em que minhas mãos envolviam seus seios e pela primeira vez na noite Lua gemeu meu nome. Apertei, massageei e acariciei os seios dela por alguns minutos, enquanto ela respirava fundo e algumas vezes sussurrava meu nome. Aquilo não estava certo. Eu queria que ela gritasse meu nome. Repetidas vezes. Então coloquei um joelho entre as pernas dela e a segurei pela cintura, sorri de lado antes de descer minha boca até os meus novos objetos de obsessão. Dessa vez ela gemeu mais alto e afundou mais as unhas em meus ombros quando mordi o bico de um de seus seios. Provoquei-a por mais alguns minutos, até Lu me puxar pelos cabelos e fazer nossas bocas se encontrarem num beijo desesperado. Ela me empurrou o suficiente para desencostar da parede e começar a andar, sem partir o beijo. No caminho, nos desfizemos da minha boxer e da calcinha dela, então a coloquei na cama e logo me deitei sobre ela, entre suas pernas. Me apoiei nos cotovelos para pegar uma camisinha no criado-mudo e depois parei para olhar direito para Lua, pra ter certeza que ela estava mesmo ali, depois de quase dois anos desde a última vez que havia transado com ela.
- Que é, Aguiar? – a voz dela não passava de um sussurro falho. Seu rosto estava corado e os cabelos muito bagunçados. Nunca a tinha visto mais bonita. – Não precisa ter medo de me machucar… Não é como se fosse minha primeira vez… Já fiz isso muitas vezes – ela sorriu daquele jeito que eu não gostava. Ela estava sendo a Lua que eu detestava. Mas era tarde demais pra voltar atrás...
Coloquei a camisinha sem falar nada e sem olhar para Lua, a penetrei com força. Ela suspirou alto e se moveu de encontro ao meu corpo, me puxando contra si. Mas eu não me mexi. Fiquei parado, meu pênis pulsando dentro dela, todo meu corpo vibrando de desejo, mas eu não me movi até ela perceber que tinha algo de errado e me olhar nos olhos.
- O que foi? – ela sussurrou com a testa franzida. Encaixei minha mão entre a cabeça dela e o travesseiro e agarrei um punhado de cabelos, e com a outra mão ergui um pouco seu quadril, a penetrando mais profundamente. Ela apertou as coxas em volta do meu corpo sem tirar os olhos dos meus.
Eu odeio você – disse sério e consegui ver seus olhos se arregalarem antes que eu tirasse meu membro completamente de dentro dela e o colocasse de volta com mais força que a primeira vez. 
Então ela gritou. De surpresa, prazer ou dor. Não sei dizer por qual o motivo, e realmente não me importava. Mas ela gritou meu nome. Repetidas vezes, enquanto eu segurava seu quadril com a mão, indo cada vez mais forte, mais rápido e mais fundo. 
Não a olhei, nem a beijei em nenhum momento. Atingi meu limite, mas não diminui a intensidade nem a velocidade dos movimentos até ela se agarrar em mim e gritar uma última vez antes de estremecer e se jogar contra os travesseiros com a respiração fora de controle. Saí de dentro dela e senti minhas pernas bambas ao caminhar até o banheiro.
Fechei a porta, joguei a camisinha no lixo e liguei o chuveiro para que o barulho da água encobrisse o som do soco que dei na parede. Mas que merda! Lua sempre fodia tudo! Por que ela tinha que agir daquele jeito? Por que ela não podia ser a Lua de antigamente?
Ela já tinha feito aquilo várias vezes? Que ótimo! Tomara que aquela tenha ficado na história. Ela tinha conseguido a porra do orgasmo no fim das contas, não tinha?
Minhas mãos tremiam de raiva. Eu realmente odiava essa nova Lua. Eu me odiava por deixá-la fazer isso comigo.
Fiquei alguns minutos debaixo do chuveiro até me sentir mais calmo, enrolei uma toalha na cintura e respirei fundo antes de abrir a porta, pronto pra aturar mais piadinhas cínicas de Lua. Mas ao entrar no quarto... Ele estava vazio. Se a cama não estivesse toda bagunçada e minhas roupas pelo chão, ninguém imaginaria que Lua sequer esteve ali.

***


- Arthur querido, bom dia – Claire me recebeu na sala de jantar da fazenda no dia seguinte com um sorriso carinhoso. Depois que Lua saiu do meu quarto no hotel, levei quase três horas para dormir. Não conseguia parar de pensar nela. Então quando acordei no dia seguinte, funcionários do hotel me deram o recado que Will e Ane haviam voltado com Lua para a fazenda logo cedo. Ela havia recebido uma ligação de Londres e a queriam num filme de Quentin Tarantino! Quando cheguei à propriedade dos Blanco, Ane estava reservando uma passagem para Lua no próximo voo para Heathrow, Will estava ao telefone contando para os pais que essa era a oportunidade perfeita para Lua se reerguer. Claire me obrigou a tomar café da manhã mesmo estando perto da hora do almoço e comentou que Lua tinha recusado qualquer comida e se trancou no quarto – Ela parecia tão abatida. Nem parecia que tinha acabado de ser convidada pra fazer um filme de um diretor que ela gosta tanto.
- Estranho, né? – comentei sem prestar atenção a senhora que servia suco de laranja para mim.



- Lua! Vamos! Se demorar mais dois minutos, você vai perder seu voo! – Will gritava ao pé da escada, enquanto eu levava as malas de Lua para o carro. Tínhamos almoçado, depois eu assisti algumas partidas de Ane contra Will no Guitar Hero, e durante todo esse tempo Lua ficou em seu quarto, só recebendo Claire.
- Lu? Querida? – Claire começou a subir as escadas quando Lua apareceu no topo dela. Estava com um vestido azul comportado, chinelos brancos e os cabelos estavam soltos. Do jeito que eu sempre elogiei. Ou elogiava. Will a olhou perplexo, assim como Ane. Claire sorria abertamente – Está linda, meu bem.
- Obrigada – a voz dela saiu tão baixa que eu quase não percebi que ela havia agradecido. Ela usava óculos escuros tão grandes que eu não podia dizer se ela estava com aquela cara esnobe de sempre ou não. Ela foi até Claire e a abraçou, falando baixinho só para a senhora ouvir, a mais velha sorriu feliz e beijou a testa da garota. – Vamos, irmãozinho? – Lua apertou a bochecha de Will ao passar por ele. Sua voz estava estranha, rouca. Blanco me olhou sem entender a mudança da irmã e eu dei de ombros.



Ane queria passear pela cidade e acabou me convencendo a “velar” o namoro dela e de Will depois que deixássemos Lua no aeroporto. No caminho até a cidade, Lua sentou no acento do passageiro e eu fui atrás com Will e Ane. O casal conversava sem parar com o motorista Jeremy, enquanto eu olhava as paisagens do dia muito ensolarado e quente passar rapidamente pela janela e Lua parecia imóvel em seu banco.
Chegando ao aeroporto de Carlisle, Jeremy tirou as malas de Lua do carro e as levou para dentro do prédio, enquanto ela se despedia da cunhada.
- Desculpa por ter sido uma vaca – ela falou baixinho com Ane na calçada do aeroporto – Você não tem culpa de nada, eu não posso descontar em você...
- Lua – a namorada de Will interrompeu –, eu namoro seu irmão há anos, eu sabia que essa era só uma fase pela qual você estava passando.
- Me desculpa, de verdade – ela ainda estava de óculos, então não sei se seus olhos acompanharam o pequeno sorriso que apareceu em seus lábios. Ane a abraçou rapidamente e desejou boa sorte no filme. Então Lua se aproximou de Will, visivelmente sem jeito.
- Vem aqui, sua pirralha – ele sorriu e abraçou a irmã com força – Por que está agindo assim? Você só está voltando pra casa. Não é como se não fosse te ver nunca mais e você precisasse pedir perdão por ser um pé no saco.
- Will! – Lua exclamou rindo fraco, mas sem se soltar dos braços do irmão – Eu só sinto que tenho que pedir desculpa pelo jeito que andei me comportando... Cansei desse personagem, acho que quero voltar a ser a Lua que não ligava para o que os outros pensam...
O Anjinho do Reino Unido? – Will perguntou rindo e ela franziu o nariz negando com a cabeça.
- Só se for um anjo bem sexy, estilo Victoria’s Secret – Lua sorriu de lado, fazendo Will e Ane rirem. Então chegou minha vez. Ela parou diante de mim e não disse nada. Agradeci mentalmente por também estar de óculos escuros e ela não conseguir ler o que se passava na minha cabeça.
- Tchau, Arthur – ela falou rapidamente, ficou nas pontas dos pés e me deu um abraço rápido. Era óbvio que ela só estava fingindo estar tudo bem entre nós porque Will e Ane estavam olhando. Não respondi nada. Ela pegou sua bolsa e foi procurar Jeremy dentro do aeroporto. 
- Então, dona namorada, o que vamos fazer primeiro? – Will perguntou ao abraçar Ane pelos ombros e começar a andar pela calçada nada movimentada. Os segui em passos lentos, sem realmente olhar por onde andava. Faltando dois passos para virarmos a esquina, ouvi alguém gritar meu nome. Tive medo de ser alguma fã, mas ao virar... 


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- Espera! – Lua vinha correndo em minha direção. Isso mesmo. Lua Blanco, em toda sua pose de celebridade, correndo até mim. Will e Ane falaram alguma coisa que não ouvi, mas percebi que continuaram andando. O que Lua queria? Ela parou na minha frente e tirou os óculos escuros... Seus olhos estavam vermelhos e inchados, como se tivessem... Chorado a noite toda?
- Esqueceu alguma coisa? – parabéns, Aguiar, você fez tudo parecer um filme de meninas. Lua ofegava ao passar a mãos pelos cabelos antes de começar a falar num ritmo rápido, despejando tudo em mim sem me dar chance abrir a boca... Do jeito que fazia antigamente.
- Eu não dormi com o cara da tequila! Não dormi! Eu só achei que você tinha ficado com aquela garota, então eu menti! E... E... Você uma vez perguntou o motivo de eu ter deixado de ser aquela menina que todo mundo adorava... É que... Eu achei que você... – ela fechou os olhos com força, e eu percebi que ela tomava coragem pra me contar aquilo – Eu te vi transando com uma garota no ônibus de turnê da banda! – ela falou rapidamente e eu tirei meus óculos, os olhos arregalados. O que ela disse? – Eu vi! E... Eu ouvi a garota perguntar se você não era meu namorado e você responder que eu era anjinho demais pra namorar alguém como você... Então eu não quis mais ser um anjinho. O Anjinho. – Mas de que tipo de bosta eu sou feito? Lembrava vagamente da cena queLua havia descrito... E... Mas que porra! Tudo estava tão óbvio que chegava a ser ridículo! Depois da tal noite, Lu voltou pra casa e não atendeu ao telefone quando liguei pra contar sobre os shows.
Nos meses seguintes estava sempre ocupada, se afastava quando eu chegava perto demais e passou a dar respostas secas a qualquer pergunta que repórteres faziam sobre seu irmão ou sobre a banda.
– As pessoas me tratavam como criança, aquilo me tirava do sério – ela continuou falando com os olhos enchendo de lágrimas – Então ouvir você falar aquilo me fez ver que eu tinha que mudar... Mas acho que fui longe demais... Eu sinto muito se... – os lábios dela tremeram e ela respirou fundo quando duas lágrimas caíram de seus olhos, limpando-as rapidamente com as pontas dos dedos e continuou falando – Eu sinto muito se te magoei. Hoje eu vejo que se estava cansada de ser tratada como criança, eu não deveria ter agido feito uma. Eu deveria ter te falado o que estava errado e...
- Lu... – a interrompi quando mais lágrimas escorreram por suas bochechas. Tentei limpá-las, mas Lua deu um passo para trás sem me olhar – Esquece isso. E me desculpa por ter dito aquilo... Naquela noite no ônibus... Eu estava confuso. Você consegue imaginar como é estar apaixonado pela irmãzinha do seu melhor amigo, ser o cara com quem ela decide transar pela primeira vez... Mas eu não podia ser nada, te dar nada naquela época... 
- Mas eu não queria nada! – a voz dela saiu um pouco estridente enquanto passava as duas mãos pelo rosto e respirava fundo.
Você não queria, mas o mundo sim! – passei a mão pelo cabelo, começando a perder o controle da situação – Você mesma disse que a imprensa ia se matar por fotos nossas, todo mundo só ia falar disso! Eu não conseguiria...
- Eu sabia... Eu sempre soube... – Lua sorriu de um jeito triste e se afastou mais um pouco – Não sei por que estamos falando disso. Eu só vim pedir desculpas. Já o fiz, então posso ir.
- Me responde uma coisa antes – a calçada continuava vazia, algumas pessoas na praça do outro lado da rua nos olhavam, mas não achavam possível ser Arthur Aguiar e Lua Blanco, discutindo na frente do aeroporto – O que te fez mudar de ideia? Até ontem você parecia bem sendo... A nova Lua. O que aconteceu hoje de manhã? Foi o filme do Tarantino?
- Não... – ela negou com a cabeça e mordeu o lábio, como se fosse chorar de novo, mas não deixou nenhuma lágrima cair – Foi você... Na verdade, nada mais justo, né? Você foi a chave de ignição pra primeira mudança, nada mais justo que você causar o retorno da... Antiga Lua?
- Quando você diz que eu causei... Você quer dizer ontem? Quando... – nós transamos, eu acrescentei mentalmente, sem querer falar isso em voz alta, em público. 
- Não... Não nessa parte exatamente... – novas lágrimas aparecem nos olhos de Lu, e ela faz um biquinho antes de continuar – Foi quando... Você disse... Disse que me odiava... – aquilo me acertou em cheio. Foi como se ela tivesse me dado um soco no estômago. Como eu podia ter dito isso a ela? Ok, eu tinha dito aquilo para a Lua Cínica, mas agora era a Lu que eu amava diante de mim, chorando. 
Bem rápido, antes que ela se afastasse mais, me aproximei e segurei seu rosto com as duas mãos e limpei as lágrimas com meus polegares.
- Esquece aquilo... Esquece. – encostei nossas testas e fiz carinho em seu nariz com o meu – Eu odiava a Lua Material de Paparazzi. Não você. Você é... A Lu... A minha Lu.
- Isso não faz diferença... – ela fechou os olhos e apertou a frente da minha camiseta com as mãos – A imprensa não vai te deixar em paz do mesmo jeito... Pode até ser pior e...
- Eu não ligo! – a interrompi sorrindo e ela me olhou incrédula – Eu não ligo pra nada disso! Hoje eu já sei lidar com eles... Eu quero lidar com eles, se você também quiser... E...
- Se eu te beijar agora... Você vai falar que me odeia de novo? – ela atrapalhou o que eu falava, usando aquele biquinho lindo e me olhando de um jeito tímido. Eu ri e passei meu nariz pelo dela mais uma vez.
- Eu vou... – Lu arregalou os olhos e eu ri mais alto – Eu vou falar, se você não me beijar. – então ela sorriu. O sorriso mais lindo de todos que ela tinha. O sorriso que ela só dava pra mim. O sorriso que era a marca registrada da minha Lu.
Sorri de volta e afastei o rosto, esperando que ela cumprisse o combinado e me beijasse. Lu cerrou os olhos de brincadeira e passou os braços por meu pescoço e me deu um selinho.
– Mas que pobreza é essa...? – Lua gargalhou e me puxou pela nuca e dessa vez me beijou de verdade. Do jeito que tudo ficava claro, sem precisarmos dizer nada, apenas aproveitando um ao outro e o silêncio. Ela era tudo que eu queria, tudo que eu precisava. Com ela ali, nos meus braços, tudo parecia se encaixar, tudo parecia estar do jeito que deveria ser sempre, o jeito certo.
Ou errado. Não importava. Era o nosso jeito.

***


Arthur Aguiar, da banda McFly, estaria namorando Lua Blanco
Segundo jornal 'News of the world', o casal foi visto em aeroporto na Inglaterra.
Parece que Lua Blanco não está mais solteira. Segundo o jornal "News of the World", a atriz estaria namorando Arthur Aguiar, integrante da banda McFly.
Segundo fontes da publicação, Lua e Arthur passaram cerca de 20 dias juntos na fazenda da família Blanco, no interior da Inglaterra: "Eles chegaram com alguns amigos ao aeroporto, mas foram deixados a sós quando Lua voltou ao encontro de Arthur. Eles se beijaram em público. Os dois pareciam estar aproveitando bem a despedida e o fato do local não ter fãs nem paparazzi por perto.Lua pegou um vôo de volta para Londres minutos mais tarde", disse uma fonte.

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Lua Blanco e Arthur Aguiar: momento romântico em Roma
O Daily Mail divulgou novas fotos do casal em sua passagem pela capital italiana
Apesar de negarem o romance durante meses, Lua Blanco e Arthur Aguiar apareceram de mãos dadas no aeroporto de Dublin, no dia 18.
Agora, novas fotos do casal em momentos ainda mais românticos caíram na rede. As imagens mostram Lu e Arthur curtindo alguns momentos juntinhos em Roma, onde estiveram para o lançamento internacional de "Amy + Evan" – Lua, a estrela principal do filme, deixou todos boquiabertos com um vestido deslumbrante assinado por Valentino, neste domingo, 31.
Além de passearem de mãos dadas, o novo casal ficou o tempo todo abraçadinho.

APELIDO
A imprensa de celebridades tem histórico em criar junções dos nomes dos casais famosos, os conhecidos Shippers.
Assim como alguns dos casais mais badalados de momento, Lua Blanco e Arthur Aguiar já ganharam um apelido.
À época do noivado com Jennifer Lopez, Ben Affleck chegou a se irritar ao ser chamado de Bennifer. Brad Pitt e Angelina Jolie também podem ser identificados por um só nome, Brangelina. Will Cruise e Katie Holmes, claro, também: TomKat.
Agora que foram fotografados juntos em clima romântico pela primeira vez, o casal, Arthur e Lua, começa a ser chamado pela imprensa de "McAngel", uma mistura de McFly, banda dele, e Angel, antigo apelido dela: “Anjinho do Reino Unido”.

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McAngel: Casamento à vista?
Eles podem negar, disfarçar e tentar fugir do assunto. Mas que existe um belíssimo anel de ametista e diamante no dedo de Lua, ah, existe! 
Será que agora sai o tão esperado matrimônio entre o casal mais querido do mundo dos famosos? Juntos há mais de três anos, a atriz Lua Blanco e o músico Arthur Aguiar fogem das perguntas relacionadas ao casamento. Mas fontes seguras informam que Arthur pediu a mão de Lua numa recente viagem à fazenda da família dela no interior da Inglaterra, lugar onde tudo começou! Quanto romantismo, senhor Aguiar!
Lua recentemente foi indicada ao Oscar por sua aclamada atuação com Johnny Depp em “Birds & Bees” de Tim Burton, mas infelizmente perdeu a estatueta para Anne Hathaway e seu “Great Indoors”. Uma pena, mas temos certeza que essa nova fase na carreira de Lua trará milhares de prêmios.
Vamos ficar na torcida para que ela e seu amado confirmem logo o casamento. Estamos doidos pra falar sobre os preparativos, os convidados e principalmente: o vestido da atriz mais badalada da última década!
Esse casal que desde o início tumultuou os tabloides, desesperou milhões de adolescentes que sonhavam em namorar o rockstar e, principalmente, uma onda de alívio na indústria cinematográfica ao perceber que Arthur havia conseguido trazer de volta a Lua que todos amavam, o Anjinho do Reino Unido.
Dizem por aí que o casal fechou contrato com a revista Bazaar, para conceder uma entrevista exclusiva, que promete abalar as estruturas do mundo das celebridades. Ouvimos dizer também, que outras duas grandes revistas, estariam disputando os direiros de publicação das fotos do matrimônio de Arthur e Lua...
McAngel promete. Imaginem os filhos desse casal? Mal podemos esperar! Felicidades e muito amor aos pombinhos.



Fim?
créditos: portal csi luar

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5 Comentários

  1. lindooo
    ASS:TACIANE

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  2. bom esta web esta muito legal ne.

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  3. OMG! P-E-R-F-E-I-T-A!! merece 2ª temporada!!

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  4. Que PERFEITOO foi essa web de capítulo único. Eu ameiiiii muitoo ♥♥♥ parabéns para quem fez

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  5. PERFEITOOO! Completamente apaixonada! L

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